terça-feira, 7 de dezembro de 2010

EM ARACATI HOSPITAL MUNICIPAL VIRA CENÁRIO DE FILME DE TERROR. Investição do Ministério Público revela a face macabra da saúde neste Município


Investigação do Ministério no Hospital Municipal de Aracati revela um quadro macabro equivalente a filmes de terror. Entre centenas de problemas “estarrecedores” investigados pelo Promotor Alexandre Alcântara, a investigação revela que a Secretaria da Saúde do Município de Aracati “mantinha um estoque de várias partes de corpos humanos (vesículas, apêndices, alças intestinais, ovários, úteros, fragmentos de colo uterino e pele) apodrecendo dentro de vidros em que o formol já havia evaporado devido ao tempo de espera por biópsias”. Exames que nunca foram enviadas para exame em laboratório.

Na ponta do lápis, segundo denúncia do médico Arthur Ferreira Uchoa, do hospital Dr. Eduardo Dias, principal unidade de saúde do município e apontado como hospital polo pelo Governo do Ceará, 735 biópsias deixaram de ser feitas. Muitas delas, segundo o enfermeiro Ronaldo da Silva Oliveira, estavam na fila desde 2004.

Dos 735 pedaços de corpos humanos abandonados na sala do Centro de Saúde Reprodutiva e no hospital municipal, 151 peças apodreceram. Um prejuízo, segundo Alexandre Alcântara, irreparável para quem até hoje não sabe ou não deu tempo saber se tinha uma doença grave. Pacientes com suspeita de variados tipos de câncer e outras patologias.

A falta de zelo da Secretaria da Saúde de Aracati com doentes que usam o Sistema Único de Saúde (SUS) no município, também foi constatado pela enfermeira Jussara Santos Vieira da 7ª Regional de Saúde do Estado do Ceará (Cres). Ela disse aos promotores que “essa situação pode ter causado graves danos à saúde das pessoas, pois foram submetidas a exames invasivos e necessitavam da realização dos mesmos para diagnósticos precisos”.

Apesar de muitas das amostras terem sido retiradas de pacientes há seis anos, a secretária da Saúde de Aracati, Adélia Maria Araújo, afirmou que só tomou conhecimento do problema em julho de 2008. E apenas em fevereiro deste ano, encaminhou 100 peças para o laboratório Klaus Magno.

O descaso com a saúde pública em Aracati, distante 148 km de Fortaleza, beira o macabro. Ou como prefere o promotor da comarca, Alexandre de Oliveira Alcântara, é caso de “terror” e está expondo a população de lá e de mais quatro municípios - Beberibe, Fortim, Itaiçaba e Icapuí - ao risco de morte. Uma Ação Civil Pública, assinada por Alcântara e mais dois promotores, na última quarta-feira, 1º, expõem o fundo do poço em que o município chegou.

ENTENDA A NOTÍCIA

Segundo o Ministério público, o Hospital Municipal Dr. Eduardo Dias, em Aracati, trata de maneira “desumana e degradante” os pacientes de Beberibe, Fortim, Itaiçaba e Icapuí. Uma população estimada de 151.924 pessoas

Demitri Túlio
demitritulio@opovo.com.br

Fonte: http://www.opovo.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário